Os romances de fazenda de José de Alencar
Uma nova narrativa sobre a formação da nacionalidade
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2023.167.011Palabras clave:
José Alencar, O Tronco do Ipé, romance regionalista, Lei do Ventre Livre, Formação da NacionalidadeResumen
O artigo sustenta a hipótese de que os romances O tronco do ipê (1871) e Til (1872) representam uma profunda reconfiguração da narrativa sobre a nacionalidade ela- borada por José Alencar em obras como O Guarani (1858) e Iracema (1865). Es- ses “romances de fazenda” foram escritos em meio às batalhas sobre o futuro da escravidão, nas quais Alencar atuou como um dos chefes do grupo escravista no parlamento brasileiro. Para sustentar suas posições — a manutenção do cativeiro e a rejeição da Lei do Ventre Livre (1871) —, Alencar elaborou uma verdadeira teoria sobre o processo de formação da nacionalidade. Essa visão, no entanto, contrastava com o seu romance indigenista, ponto de apoio mais relevante do discurso sobre a identidade nacional realizado durante o Império. Antes, as matas amplas eram o lugar do encontro mítico entre autóctones e europeus, realizado em um tempo cro- nológico etéreo e indefinido. Agora, a fazenda escravista, em sua limitação espacial de ambiente privado, era a paisagem da integração e amálgama hierarquizado das raças, processo que estava em curso e que não deveria ser acelerado artificialmente pelas medidas emancipacionistas.