Elite financeira e capitalismo de índices no Brasil
Atores na expansão do mercado de ETFs e uma nova camada na estrutura de poder no mundo corporativo
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2023.166.004Palabras clave:
Investimento passivo, Governança corporativa, Sociologia econômica, Economia política, Gestão de investimentosResumen
Estudos recentes sobre a financeirização das economias centrais abordam a crescente concentração de poder entre grandes gestores de ativos financeiros e as consequências desse fenômeno para as grandes corporações financeiras e não financeiras, sobretudo em termos de governança corporativa. Dentre as estratégias adotadas por esses agentes, destaca-se a posição minoritária em milhares de empresas listadas em bolsa e a emissão de fundos de gestão passiva, notadamente os exchange traded funds —ETFs. Este artigo tem como objetivo analisar a expansão dos investimentos em gestão passiva no mercado de capitais brasileiro. De acordo com os boletins mensais de ETFs da B3 e do site ETF.com.vc, o mercado brasileiro de ETFs segue a tendência internacional, com domínio do grupo BlackRock nos fundos que rastreiam tanto os principais índices nacionais como os internacionais. A exposição a produtos internacionais foi implementada pela estratégia de emitir Brazilian depositary receipts (BDRs) de ETFs na B3, ampliando a oferta de ETFs que rastreiam índices internacionais. No Brasil, dentre as funções acumuladas pela B3, destaca-se a de principal provedora de índices locais. E, assim como nas grandes empresas globais, a B3 tem entre seus principais acionistas grandes gestores de ativos internacionais, como o Capital Group, o BlackRock e o Vanguard, confirmando um potencial alinhamento de interesses entre provedores de índices e emissores de ETFs.