Quando água e óleo se misturam
Classes sociais e semelhanças analíticas entre Florestan e Rangel
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2023.166.006Palabras clave:
Florestan Fernandes, Revolução burguesa no Brasil, Ignácio Rangel, Teoria da dualidade da economia brasileiraResumen
O objetivo deste artigo é demonstrar as semelhanças entre a construção analítica de Florestan Fernandes em seu importante livro A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica e a teoria da dualidade da economia brasileira de Ignácio Rangel. Os autores são expoentes de duas tradições muito distintas no pensamento social brasileiro, a chamada escola de sociologia da USP e o nacional-desenvolvimentismo, respectivamente. Inicialmente a teoria da dualidade proposta por Rangel é apresentada em seus elementos básicos. Em seguida são destacados diversos temas em que a arquitetura analítica de Fernandes no referido livro apresenta semelhanças significativas com a arquitetura da teoria da dualidade. Os temas analisados são a natureza não capitalista do Brasil Colônia e as consequências imediatas da Independência; o desenvolvimento do capital comercial; as mudanças trazidas pelo desenvolvimento do setor cafeeiro; e o surgimento da indústria e a constituição do capitalismo industrial no Brasil sob hegemonia dos interesses agrários. À guisa de conclusão aborda-se a diferença das conclusões dos autores a respeito dos limites da coordenação estatal do desenvolvimento nacional, para reafirmar que, a despeito das conclusões distintas, as estruturas analíticas se assemelham.