A independência incompleta e a construção da nação brasileira
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2022.164.002Palavras-chave:
Revolução brasileira, Construção da nação brasileira, Independência, Revolução de 30, Reformas de baseResumo
O objetivo deste artigo é analisar o processo de construção da nação brasileira. Foi a Inconfidência Mineira que condensou pela primeira vez o programa dessa construção. A independência logrou manter a integridade territorial, mas nasce sob o signo da divisão internacional do trabalho com hegemonia inglesa. Foi enfrentando essa realidade adversa que se foi construindo a nação brasileira. A Abolição, seguida da República, ao mudar as relações de produção e a hegemonia de classe no poder, promoveu o desenvolvimento do capitalismo, mas reforçou a dependência. Pode-se afirmar que foi a Revolução de 1930 que construiu o Estado nacional brasileiro, além de ter sido o momento em que mais se avançou na construção da independência econômica do país, ao consolidar a industrialização e conquistar uma das legislações trabalhistas mais avançadas na época. A ditadura de 1964 bloqueou a construção da independência econômica iniciada em 1930, ao reconstruir em novas bases os mecanismos da dependência, de cujas contradições nasce uma crise estrutural que dura até hoje. Esses vários momentos de ruptura são a forma como a revolução brasileira vem construindo a nação. Em lugar de concentrar-se em um determinado momento, como ocorreu com as revoluções burguesas “clássicas”, ela percorre um longo caminho, com vários momentos de ruptura. Se não houvesse sido detida pelo golpe de 1964, a implementação das reformas de base, lideradas por João Goulart, teria completado a construção nacional, essa etapa da revolução brasileira insubstituível para a construção do socialismo, como registrou o general-historiador Nelson Werneck Sodré.