Sobre o conceito de trabalho
uma leitura nos Grundrisse, de Marx
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2020.159.002Palavras-chave:
Trabalho, General intellect, Renda informacional, marxismo, Trabalho semióticoResumo
Marx antecipava nos Grundrisse a transformação da ciência e tecnologia em forças produtivas diretas no capitalismo. Esse processo levaria à predominância do trabalho intelectual sobre o manual, substituído pelas máquinas. O capital, então, haveria de ser superado por alguma formação apoiada no intelecto geral da sociedade. Por isso, debate-se se a lei do valor, baseada no tempo de trabalho, teria sido superada ou se seria necessário redefinir a categoria trabalho. Este artigo pretende apontar lacunas nesse debate, articulando a concepção dialética da história em Marx com os conceitos científicos da teoria da informação. Ao relacionar trabalho à informação como neguentropia, entendemos o capital como um sistema biossocial sempre em expansão e dependente do conhecimento detido pelo trabalhador. Assim, concluímos que o capital evoluiu a ponto de se apropriar do intelecto geral. Como o capital, na sua evolução, reduziu ao mínimo o tempo de trabalho fabril imediato, subalterno ao trabalho científico, para seguir acumulando precisou desenvolver um sistema rentista apoiado na propriedade intelectual e na financeirização. A lei do valor segue comandando as relações de trabalho, agora sob novas formas de apropriação de trabalho gratuito, precarização e fragmentação espaço-temporal, com superexploração do trabalho de baixo valor informacional nas periferias do sistema.