O novo normal da covid-19
- Quando o emergencial se transforma em política educacional
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2020.160.011Palavras-chave:
Pandemia, Mercantilização, Política educacionalResumo
Este artigo analisa os impactos da pandemia da covid-19 sobre a escola pública brasileira. Partimos do entendimento de que essa tragédia humanitária está inserida no quadro de crise orgânica do capitalismo que vem destruindo paulatinamente as políticas sociais, deteriorando as condições de vida da classe trabalhadora e devastando o mundo natural. O objetivo deste estudo é analisar como o poder público tem se posicionado diante do fechamento, necessário, das escolas, e como a estratégia do ensino remoto se transformou em senso comum e foi incorporada por agências do Estado e organizações da sociedade civil. Foram utilizados como fontes de referência neste artigo os pareceres e as notas emitidas pelos organismos internacionais — Grupo Banco Mundial, OCDE, Unicef e Unesco —, além dos estudos do Movimento Todos pela Educação e do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb) sobre a situação das escolas durante a pandemia. O arcabouço teórico metodológico desenvolvido pelo marxista italiano Antonio Gramsci ajudou a problematizar a atuação de frações empresariais no âmbito da formulação do “ensino remoto” enquanto estratégia de manutenção das aulas durante o isolamento social e na defesa de um plano de retorno às aulas, ainda que a vacina não tenha sido criada. Concluiu-se que tanto o projeto de ensino remoto quanto o plano de retorno às aulas compõem um conjunto de estratégias promovidas pelas frações dominantes que visam recompor-se da crise orgânica do capitalismo e ao mesmo tempo aprofundar a ofensiva do capital sobre a educação pública no país.