A ruptura na política externa brasileira e suas dimensões doméstica e geopolítica
subordinação internacional, fragmentação regional e resposta à pandemia
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2020.160.004Palavras-chave:
Covid-19, Geopolítica, Integração regional, Coalizões domésticas, Política externaResumo
A compreensão da política externa requer a análise de suas dimensões sistêmica e doméstica. A crescente rivalidade entre China e Estados Unidos, e a crise do capitalismo pós-2008 impactaram os governos progressistas da América Latina e contribuíram para a ascensão de coalizões de extrema direita na região. Historicamente, a política externa brasileira foi vista como uma política de Estado imune a interferências externas. Todavia, os processos de redemocratização e globalização contribuíram para a pluralização e politização da política exterior. Entre 1994 e 2014, a política externa foi uma arena de disputa entre coalizões políticas com distintas visões sobre a inserção do país nos planos internacional e regional. A eleição de 2018 marcou uma ruptura na trajetória diplomática brasileira. O atual presidente tem isolado o Brasil internacionalmente ao subordinar os interesses do país aos Estados Unidos. No âmbito regional, a política externa tem violado os princípios constitucionais que regem as relações internacionais do país, ameaçando as relações pacíficas com os vizinhos e deixando de desempenhar um papel de estabilização na região. A pandemia aumentou a rivalidade sino-americana e trouxe impactos negativos para a democracia, com o aumento das desigualdades sociais, especialmente na América Latina. A resposta do governo brasileiro tem sido desastrosa. Internamente, observa-se a falta de coordenação federativa e o conflito entre os poderes. No plano internacional, a política externa brasileira tem sido responsável pela desconstrução da histórica atuação do Brasil na área de saúde, tanto no plano multilateral quanto no âmbito regional.