O Brasil míope
As Jornadas de Junho e a crise da racionalidade
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2023.167.003Palavras-chave:
Jornadas de Junho, Racionalidade, Crise política, Democracia.Resumo
As Jornadas de Junho, lideradas inicialmente pelo Movimento Passe Livre (MPL), evoluíram de um manifesto de tons locais para uma das maiores mobili- zações da história da democracia brasileira, como evidenciado pela forte cober- tura midiática em níveis transnacionais. As interpretações acerca dessa mobili- zação não são consensuais e se bipartem: alguns creditam a 2013 o surgimento de uma consciência político-institucional mais incisiva, outros pensam que o movimento não foi propositivo e fez aparecer, no tecido social, ondas de auto- ritarismo e ultraconservadorismo até então invisíveis. Certo é que os eventos alteraram profundamente a configuração social e política, algo que não se via desde o levante que marcou a interrupção do mandato de Fernando Collor. Nes- sa linha de análise, este artigo pretende, a partir de uma perspectiva materialista histórica, argumentar sobre o quanto as ocorrências daquele mês foram guiadas por um sentimento de irracionalidade, que se filia à lógica neoliberal hoje hegemônica. Parte do argumento elenca as repercussões das ondas de protesto ao longo do tempo.