Contradição, metafísica e dialética
o maoísmo como produto do intercâmbio filosófico entre Oriente e Ocidente
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2023.166.011Palavras-chave:
Mao Zedong, China, ModernidadeResumo
Este artigo trata da singularidade do marxismo chinês, à luz de sua vertente hegemônica, o maoismo, o qual é produto de um processo de transposição do materialismo dialético e histórico para um locus cultural totalmente diverso daquele de sua origem. Essa transposição, mais do que um deslocamento cultural ou uma mera tradução, implica um processo de reinvenção que não pode ser compreendido sem investigarmos as questões atinentes à construção do léxico marxista no contexto chinês, tanto do ponto de vista conceitual quanto linguístico. Isso não implica apenas uma pesquisa sobre as influências de Mao Tsé-tung no contexto de formação do marxismo na China, mas também o reconhecimento de que esse intercâmbio operou em duas direções, antes mesmo de Karl Marx, graças ao peso frequentemente ignorado da influência da filosofia chinesa sobre a filosofia ocidental moderna. Assim, tendo como paradigma o texto “Sobre a contradição”, de Mao, estamos diante de um fenômeno de trocas havidas em mão dupla entre chineses e europeus do início do século XIX ao século XX.