A fortuna crítica de João Soares Lisboa nos estudos históricos do século XIX

Palavras-chave: Independência do Brasil, Liberalismo, Imprensa

Resumo

O artigo trata da obliteração da trajetória pública de João Soares Lisboa pela literatura histórica como parte do processo de criação de uma história da independência do Brasil e dos ditames da “memória disciplinar”. O redator do Correio do Rio de Janeiro protagonizou a independência e foi o único condenado por “conluio republicano” na “bonifácia”, primeira devassa política do Brasil independente. Autores como Mello Moraes, Francisco Adolfo de Varnhagen e Otávio Tarquínio de Sousa deram repercussão historiográfica às narrativas dos periódicos contemporâneos da “bonifácia” (1822) e do Processo dos cidadãos (1824), publicação em que os antigos réus dessa devassa se autoproclamaram inocentes. Considerado à sombra do grupo de liberais conduzido por Joaquim Gonçalves Ledo, Soares Lisboa era considerado, por vezes, radical, republicano e vítima do despotismo do ministro José Bonifácio de Andrada, e, em outras, agitador político e desabusado. Desse modo, sua trajetória pública tornouse referência para qualificar atitudes e projetos de outros personagens, que também protagonizaram o período, sobretudo do ministro Andrada.

Biografia do Autor

Paula Botafogo Caricchio Ferreira, Universidade de São Paulo (USP)

Pós-doutoranda do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Membro do LabMundi (USP). Doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com sanduíche na Universidade de Lisboa. Mestre em História Social pela USP. 

Publicado
2022-07-02
Como Citar
Ferreira, P. B. C. (2022). A fortuna crítica de João Soares Lisboa nos estudos históricos do século XIX. Princípios, 41(164), 149 - 170. https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2022.164.007