A fortuna crítica de João Soares Lisboa nos estudos históricos do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2022.164.007Palavras-chave:
Independência do Brasil, Liberalismo, ImprensaResumo
O artigo trata da obliteração da trajetória pública de João Soares Lisboa pela literatura histórica como parte do processo de criação de uma história da independência do Brasil e dos ditames da “memória disciplinar”. O redator do Correio do Rio de Janeiro protagonizou a independência e foi o único condenado por “conluio republicano” na “bonifácia”, primeira devassa política do Brasil independente. Autores como Mello Moraes, Francisco Adolfo de Varnhagen e Otávio Tarquínio de Sousa deram repercussão historiográfica às narrativas dos periódicos contemporâneos da “bonifácia” (1822) e do Processo dos cidadãos (1824), publicação em que os antigos réus dessa devassa se autoproclamaram inocentes. Considerado à sombra do grupo de liberais conduzido por Joaquim Gonçalves Ledo, Soares Lisboa era considerado, por vezes, radical, republicano e vítima do despotismo do ministro José Bonifácio de Andrada, e, em outras, agitador político e desabusado. Desse modo, sua trajetória pública tornouse referência para qualificar atitudes e projetos de outros personagens, que também protagonizaram o período, sobretudo do ministro Andrada.