Farsa, tragédia e notícias
Considerações sobre a conjuntura política do Brasil em 1964 e 2016
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2022.165.011Palavras-chave:
Golpe Civil-Militar. Impeachment. Folha de São Paulo. Jornal Pioneiro.Resumo
A vida política do Brasil tem sido marcada por recorrentes processos de ruptura institucional. Essas conjunturas são complexas e se tornam temas especialmente sensíveis quando mais próximas do tempo presente. Este artigo tem como objetivo cotejar o golpe civil-militar de 1964 com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, vasculhando as semelhanças e as diferenças a partir da abordagem proposta por dois jornais: a Folha de S.Paulo e o Pioneiro. O períodico paulista tem uma circulação nacional e um prestígio incontestável. O Pioneiro, jornal de circulação restrita ao âmbito regional da Serra Gaúcha, tem um lugar de destaque por ser seguidor da linha editorial do Grupo RBS, ligado ao sistema Globo de telecomunicações. O artigo faz uma abordagem da história do tempo presente e vale-se de pressupostos da história comparada. Essas interpelações têm no materialismo histórico o seu ponto de interseção. Este texto busca pontuar alguns aspectos relativos ao papel dos jornais em questão na construção de uma narrativa sobre os processos ocorridos em 1964 e 2016 no Brasil. Ambas as linhas editoriais, em momentos distintos, elaboraram um discurso de rejeição, de crítica, de contestação tanto a Goulart quanto a Rousseff, deixando que se evidenciassem determinados posicionamentos políticos de oposição aos governos legitimamente eleitos.