Utopia antropofágica e dialética da não contemporaneidade em Oswald de Andrade
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2022.163.007Palavras-chave:
Oswald de Andrade, Utopia antropofágica, Karl Marx, Ernst Bloch, Dialética da não contemporaneidadeResumo
Este ensaio busca descrever os aspectos gerais do que se poderia chamar de “utopia de Oswald de Andrade”. Seu núcleo está na alegorização da justaposição entre modernidade e pré-modernidade, que na obra do modernista figura como esperança de uma via própria do Brasil para uma civilização original e superior, que se beneficiaria de um passado de ganhos da civilização moderna, de modo a saltar a etapa do desenvolvimento burguês. Em seguida, o ensaio traça um estudo comparativo com reflexões marxistas muito semelhantes às convicções de Oswald. Trata-se tanto das intervenções de Marx na questão da propriedade comunal russa, entre 1870 e 1880, como das reflexões de Ernst Bloch sobre a “dialética da não contemporaneidade”, em Heritage of our times (herança de nosso tempo). O objetivo da comparação é mostrar a proximidade de Oswald com reflexões que outros autores socialistas desenvolviam a respeito de vias heterogêneas e não etapistas em direção ao futuro pós-burguês, o que poria em perspectiva crítica a necessidade do desenvolvimento das formas capitalistas de produção como condição necessária para uma nova forma social.