Alain de Benoist e a Nova Direita Europeia
gramscismo de direita, revolução conservadora e fascismo cultural
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2022.163.009Palavras-chave:
Nova Direita, Alain de Benoist, Gramscismo de direita, Revolução conservadora, FascismoResumo
O presente artigo aborda o surgimento e a evolução intelectual da Nova Direita europeia a partir dos anos 1960. Analisa-se a produção vinculada ao seu principal expoente, o filósofo francês Alain de Benoist, líder do Grece — Groupe de Recherches et d’Études pour la Civilisation Européene (Grupo de Pesquisa e Estudos sobre a Civilização Europeia) —, cujo projeto é criar uma teoria crítica radical de direita, alternativa ao liberalismo, ao comunismo e às formas pretéritas de fascismo racistas e nacionalistas. De maneira similar à Nova Esquerda, em sua crítica à União Soviética em nome do marxismo, a Nova Direita critica o antigo racismo nazista em nome de um arranjo político e societário baseado não no nacionalismo ou no racismo, mas no “direito à diferença” e em um federalismo étnico-cultural e ecológico. Através de um “gramscismo de direita”, ela busca conquistar a hegemonia cultural nas sociedades europeias, propondo uma modernidade alternativa, crítica ao liberalismo, ao socialismo, ao capitalismo e ao colonialismo. Os seus proponentes pretendem, nesse sentido, estar “além da esquerda e da direita”. Porém, não escapam à acusação de serem uma ressurgência do fascismo sob nova roupagem: desde suas origens a Nova Direita vincula-se a uma geração herdeira dos ideais da “revolução conservadora” do período entreguerras, muitos dos quais associados ao nazismo, mas sobretudo ao pensamento político Tradicionalista ou espiritualista pagão, crítico do individualismo cristão e do Iluminismo e defensor de sociedades baseadas no valor da hierarquia sacralizada.