A “uberização” e o aprofundamento da flexibilização do trabalho
DOI:
https://doi.org/10.4322/principios.2675-6609.2020.159.005Palavras-chave:
Uberização, Precarização do trabalho, Economia de plataforma, Flexibilização dos direitos trabalhistas, Reforma trabalhistaResumo
O objetivo deste artigo é conceituar o fenômeno da “uberização”, além de ex-
por suas justificativas e resultados. A “uberização” é um novo formato de utili-
zação da força de trabalho, surgido da combinação das novas tecnologias origi-
nadas na terceira e quarta revoluções industriais com medidas de flexibilização
trabalhista (defendidas pela economia neoclássica). Tal modelo sugere que a
redução da interferência do Estado resultaria em crescimento econômico e
maior eficiência produtiva (com redução do desemprego), o que motivou di-
versas reformas trabalhistas e flexibilização do aparato de proteção ao traba-
lho. As empresas que atuam por meio de trabalho “uberizado” encontraram no
mercado de trabalho desestruturado uma oportunidade para ampliar sua ren-
tabilidade expandindo a extração de mais-valia absoluta, mesmo em um setor
que surge das novas tecnologias. As ocupações mais comuns da nova economia
apresentam o mesmo conteúdo do trabalho de padrões de acumulação ante-
riores, como no caso dos motoristas de transporte individual e entregadores, no
entanto, em condições mais precárias e sem direitos trabalhistas. A reforma tra-
balhista de 2017 não resultou em retomada do crescimento econômico e as em-
presas da economia de plataforma utilizam a crise e o desemprego para crescer.